Podemos chamar de audaz a proposta “O Desassossego do eu”. Arthur Senra, propõe levar mais que a obra de arte para o espaço expositivo, Senra leva o discurso filosófico ao entendimento do público. A crença em ampliar a experiência com a arte, levando as questões pessoais para a base do proposto, com o objetivo de criar questionamentos e levar o público a pensar além do material. Conectando intimamente o estimular as perguntas internas dos espectadores ao processo de compreensão, dialogando diretamente com a afirmação de HEGEL: “o significado é, neste caso, sempre mais amplo do que aquilo que se mostra no fenômeno imediato”.
Mas qual é a questão mais íntima do ser? Arthur Senra parte da construção do “eu”, e da pergunta primordial: quem sou eu?
Para responder uma pergunta primordial é preciso buscar o primordial e assim Senra formula uma ontologia do eu:
“ Buscar esta resposta exige que comecemos por questões originárias, desvencilhando de cascas sociais, construções culturais, opiniões e certezas, para começar a vislumbrar o início puro, sem nenhuma interferência.
Este primeiro ser sente, sua única ocorrência é sentir, e seu primeiro sentimento é o incômodo, pois para por ele ser afetado não necessita de razão só se é. Nota-se o outro, não existe um início para este sentimento, pode sempre ter estado aí ou só existir ao ser reconhecido, porém o ser só é em relação a ele.
Diante deste outro, o ser elementar percebe seu reflexo, ainda sem reação à ele, mas o faz se reconhecer como algo. Diante do reflexo, o ser se torna desejoso daquilo que se pode criar, do que se pode controlar. E o desejo se apodera deste ente. Logo que espera o refletir, o ser cria nele um ação para estimular a reação reflexa, criando um duplo, e ao se identificar como ele se torna o duplo.”