Negro sobre preto

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“Me aceitei faz um ano”. “Só agora passei a gosta do meu cabelo”. “Ainda sofro preconceito”.

Deveria ser estranho ainda escutar relatos assim, mas a cada portrait vem à tona mais e mais histórias de sofrimento. Ainda assim, não cabe fraqueza no que vejo. O preconceito é suprimido pela beleza estampada em cada sorriso, pele, cabelo e lágrima, para quem sabe um dia sermos só Jéssicas, Júlias, Warleys, Marcilenes, Suelens, Clebertons, Evandros, Lucianos, Samantas.

“Louvado seja quem assume o preto. Cor forte de luto, de luta, de muito orgulho. Carrega em sua densidade a força da batalha diária de se assumir preto, por mais que ainda seja vista como a ausência das cores, é quanticamente onde tudo sempre esteve. Sua grande oposição é apena um estalo de luz, tão insignificante na eternidade do preto que se apresenta como o verdadeiro nada. Louvado seja quem leva o preto na raça e assume. Quem entrega a pele, entrega o peito eterno ao instante da luz.”

(Arthur Senra)